segunda-feira, 8 de abril de 2013

Os Jogos de Tabuleiro de Dungeons and Dragons



Desde sua origem, Dungeons & Dragons está intimamente relacionado com jogos de tabuleiro. Chainmail foi criado por Gary Gygax e Jeff Petersen antes do primeiro RPG, servindo como base para o mesmo. Com o passar dos anos, a TSR e posteriormente a Wizards of the Coast mantiveram a ligação  tênue com os jogos de tabuleiro fazendo lançamentos espaçados aqui e ali. Novas versões de Chainmail apareceram ao longo dos anos e mesmo o bem-sucedido D&D Miniatures do começo do século não usava tabuleiro, sendo considerado um jogo de miniaturas colecionáveis. Com a aquisição da Wizards of the Coast pela Hasbro, porém, essa ligação estava prestes a ser fortalecida.


D&D Miniatures, que fez sucesso em 2000 e poucos

No ano passado, Ryan Dancey explicou a cadeia de eventos que levou à quarta edição de Dungeons & Dragons. Em resumo, depois da aquisição pela Hasbro, uma linha de produtos precisava render 50 milhões de dólares por ano para manter sua equipe e financiamento intactos. Para manter D&D vivo, a equipe da Wizards of the Coast apresentou um ambicioso projeto que incluía uma nova edição e o D&D Insider, um sistema de vantagens sob assinatura que permitiria manter um lucro fixo. Se uma pequena parcela dos milhões de jogadores de D&D mordesse a isca do Insider, seria possível atingir a marca de 50 milhões. Parecia que o plano funcionaria, mas uma pequena companhia ficou no meio do caminho.





A pequena Paizo surgiu com seu Pathfinder, um jogo que se aproveitava da Licensa Aberta d20 e dos anos de experiência adquiridos pela equipe na finada versão impressa da Dragon Magazine para criar um sucessor ao D&D 3.5 que se mantivesse dentro dos cânones estabelecidos. O resultado foi um sucesso retumbante, tomando muito do espaço que a nova edição do D&D (e portando o D&D Insider) pretendia adquirir. Vendo que seu plano não estava indo tão bem e tendo dificuldades em alcançar o patamar de 50 milhões, a Wizards of the Coast voltou às origens, lançando excelentes jogos de tabuleiro baseados em Dungeons & Dragons.





Os três jogos acima compõem o D&D Adventure System. Esses jogos cooperativos usam elementos clássicos do D&D, com influência da quarta edição, para uma experiência de exploração de masmorras. Cada jogador escolhe um personagem e pode customizá-lo escolhendo seus poderes, para então enfrentar uma das aventuras descritas nos livretos. O conceito é bem flexível e cada partida aceita de 1 a 5 jogadores.
O jogo faz uso de miniaturas de plástico sem pintura, em sua maioria reutilizando modelos do D&D Miniatures e usa sua versão dos populares Dungeon Tiles (o produto mais bem vendido da quarta edição de D&D) para montar seus mapas. As miniaturas e mapas estão na mesma escala usada em Dungeons & Dragons, então os jogos de tabuleiro enriquecem sua experiência de RPG também. 
Uma das características mais interessantes do Adventure System é a compatibilidade entre um jogo e outro, permitindo combinar heróis, poderes e monstros de uma caixa com elementos de outra. Existe, inclusive, uma campanha pronta que usa elementos de Castle Ravenloft e Wrath of Ashardalon.
Em geral, uma aventura (como o jogo chama cada partida) consiste de explorar a dungeon (representada pelos dungeon tiles embaralhados) até que um tile específico apareça. Quando isso acontece, um vilão (i.e., um monstro mais forte, um boss) surge no mapa e os personagens precisam derrotá-lo e/ou cumprir um objetivo secundário, dependendo da aventura, para obter sucesso. No caminho aparecem monstros e eventos como armadilhas ou perigos ambientais, mas os jogadores também ganham items mágicos como cinturões da força de gigante ou espadas vorpal.
O último jogo da família, The Legend of Drizzt, permite que os jogadores entrem na pele de Drizzt Do'Urden e seus aliados imortalizados nos romances de R.A. Salvatore. Os Companheiros do Salão de Mithral apresentam algumas diferenças temáticas dos personagens mais genéricos dos outros jogos, como por exemplo usarem suas armas mágicas como ataques em vez de encontrá-las como tesouros. Eles tendem também a ser ligeiramente mais poderosos. Isso é contrabalançado pelos monstros mais poderosos em Legend of Drizzt, como o terrível Feral Troll.



Você vai aprender a temê-lo

Apesar do sucesso comercial e dos prêmios que ganharam, o Adventure System encontra-se em um hiato. Legend of Drizzt foi lançado no final de 2011 e nenhum outro jogo na linha foi anunciado desde então. Porém, uma nova linha de jogos competitivos foi lançada logo depois.






Dungeon Command veio na trilha do Adventure System com a ideia de combates entre exércitos temáticos relacionados do universo de D&D. Cada caixa contém um exército pronto, mas o jogador pode customizar o jogo misturando peças e cartas. Curiosamente, Dungeon Command não usa dados. O fator aleatório fica por conta do deck de Order cards, que podem mudar completamente um combate. 
As miniaturas no Dungeon Command com frequência usam modelos antigos (com a notória exceção de Blood of Gruumsh, que não só usa modelos novos como usa modelos baseados no design de orcs no D&D Next), mas são pintadas.



Drow Blademaster, nas versões D&D Miniatures, Dungeon Command (Sting of Lolth) e Adventure System (Legend of Drizzt)

Cada jogador escolhe um comandante (cada caixa tem duas escolhas) e então separa suas cartas em decks de Ordens e Monstros. A cada rodada o jogador tem chance de colocar mais criaturas em jogo e movimentar suas criaturas para derrotar os inimigos. Cada criatura derrotada diminui a Moral do exército - quanto mais poderosa a criatura, maior o dano na Moral. Perde quem chegar a zero de Moral ou ficar sem miniaturas em jogo. O conceito é bem simples e o jogo é muito diverso, incluindo movimentação tática, construção de decks, habilidades especiais e miniaturas.
Outra característica positiva de Dungeon Command é a interação com os jogos do Adventure System. Cada caixa traz cartas para que os monstros possam ser usados como oponentes e Heart of Cormyr permite usar os aventureiros à serviço do reino como aliados, incrementando uma mecânica usada esporadicamente em Legend of Drizzt.
Desde o lançamento da última caixa, novos produtos da linha Dungeon Command não foram anunciados. Quem sabe um novo jogo seja anunciado para pelo menos uma das famílias na GenCon, em agosto?


Balor, tríbulo brutal, dragão vermelho e dragão de cobre: as criaturas mais temíveis de Legend of Drizzt, Sting of Lolth, Wrath of Ashardalon e Heart of Cormyr, respectivamente